Maioria do Copom vê ‘porta aberta’ para corte de juros em agosto, mas decisão depende de indicadores, diz Campos Neto

Maioria do Copom vê ‘porta aberta’ para corte de juros em agosto, mas decisão depende de indicadores, diz Campos Neto

Previsão do mercado, até o momento, é de início do processo de cortes dos juros em agosto. Nesta quinta-feira, presidente Lula fez novas críticas ao patamar da taxa de juros.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (28) que a maioria dos integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom), formado por ele e pelos diretores da instituição, deixou a “porta aberta” para um possível corte de juros em seu próximo encontro – no começo de agosto.

Campos Neto lembrou, porém, que uma sinalização do que poderá acontecer em agosto não quer dizer, necessariamente, que isso será feito. E que as decisões sobre a taxa de juros são tomadas somente nas reuniões do Copom, baseadas nos indicadores econômicos, como inflação e capacidade de crescimento econômico.

“Tinha um grupo [de membros do Copom] que entendeu que não tinha como deixar a porta aberta, e teve outro, maioria, que achava. E isso foi explicado na ata do Copom”, declarou Campos Neto.

“Temos lá os itens que vamos avaliar. A gente tinha uma visão predominante que podia deixar a porta aberta, e outro que o processo deveria ser feito com parcimônia”, completou.

Atualmente, a taxa básica de juros da economia, a Selic, está em 13,75% ao ano, o maior nível em seis anos e meio. A taxa foi mantida estável na semana passada pelo Banco Central.

Até o momento, a previsão do mercado é justamente de que os juros comecem a recuar em agosto, quando passariam para 13,50% ao ano. Para o fim deste ano, a previsão é que que a Selic cai para 12,25% ao ano.

Campos Neto também explicou que os comunicados do Copom, divulgados logo após as reuniões, informando sobre o patamar definido para a taxa de juros, diferem da ata do encontro – que é tornada pública somente na terça-feira da semana seguinte.

Segundo ele, os comunicados têm de mostrar consenso sobre decisões tomadas pelo Copom sobre a taxa de juros e sobre avaliações, e que as atas das reuniões têm uma função mais ampla “de elaborar cenários, explicar o que foi discutido”. “Se for dividida [uma avaliação], a gente explica na ata”, declarou.

Nesta semana, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, criticou o fato de o BC não ter sinalizado claramente, no comunicado da última reunião do Copom, um possível corte de juros em agosto.

Divergência sobre sinalização

O BC também informou, entretanto, outro integrantes do Copom, embora em minoria, mostraram-se mais cautelosos, avaliando que a dinâmica de queda da inflação “ainda reflete o recuo de componentes mais voláteis e que a incerteza sobre o hiato do produto [capacidade de a economia crescer sem gerar inflação] gera dúvida sobre o impacto do aperto monetário [alta dos juros] até então implementado”.

“Para esse grupo, é necessário observar maior reancoragem das expectativas longas [projeções de inflação do mercado para os próximos anos em linha com as metas] e acumular mais evidências de desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo”, informou a instituição.

Metas de inflação

Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o BC olha para frente.

Neste momento, a instituição já está mirando na meta do ano que vem. Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.

 

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