A indicação, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) em decorrência da aposentadoria da ministra Rosa Weber, deve provocar profundas modificações no cenário político maranhense.
Principal liderança de oposição ao grupo do ex-presidente e ex-senador José Sarney (MDB), o socialista começou a trilhar um caminho próprio no Maranhão em 2010, quando decidiu enfrentar o ex-governador Jackson Lago (PDT) e lançar sua candidatura ao Governo do Maranhão.
Desde então, construiu ao seu redor uma rede de apoio alicerçada no tripé política-advocacia-administração.
Foi Dino quem alçou à categoria de lideranças estaduais figuras como o próprio atual governador, Carlos Brandão (PSB), os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD), o vice-governador, Felipe Camarão (PT), o ex-presidente da Assembleia Othelino Neto (PCdoB), o ex-prefeito Edivaldo Holanda Júnior (sem partido) e os deputados federais Márcio Jerry (PCdoB) e Duarte Júnior (PSB).
Além destes, conseguiu ainda eleger o ex-senador Roberto Rocha (PTB), que depois rebelou-se antes da primeira metade do seu mandato já era oposição ao socialista.
Quem fica forte? – Dentre todos os aliados, aquele que mais espaço pode ocupar é o governador Carlos Brandão. Sempre exaltado como um político leal por Flávio Dino, o governador conseguiu reeleger-se no ano passado no primeiro turno, após um racha na base governista que levou o senador Weverton Rocha para a oposição.
Demonstrou força política, mas sempre teve decisões atreladas ao hoje ministro da Justiça. Com este fora da vida política, o atual chefe do Executivo estadual torna-se a principal liderança do grupo. E por ele devem passar todas as decisões sobre o futuro dos aliados.
Aqui, um adendo: se Brandão fica mais forte, a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), também fica.
Outro que se vê fortalecido é o deputado estadual Othelino Neto, atual secretário da Representação Institucional do Maranhão em Brasília. Marido da suplente de senadora Ana Paula Lobato (PSB), ele agora vê a esposa garantida no Senado até 2030, tempo durante o qual poderá articular-se até para voos mais altos.
Um terceiro beneficiado seria o senador Weverton Rocha. Não que se fortaleça, já que perdeu muito do poder que poderia vir a ter ao decidir romper com Dino em 2022, mas recupera fôlego. E, sem a sombra de Dino como possível candidato a governador do Maranhão em 2026, pode trilhar uma reaproximação para tentar reeleger-se ao Senado – numa possível composição com o próprio Brandão -, ou voltar a tentar organizar uma base sólida para se viabilizar novamente como candidato a governador. Sem Flávio na jogada, as forças se reequilibram.
Quem perde – Entre os que podem perder terreno estão, principalmente, aqueles que construíram a carreira em função do tripé política-advocacia-administração de Dino, a saber, Eliziane Edivaldo Júnior, Márcio Jerry e Duarte Júnior (PSB), além de nomes como os deputados estaduais Rodrigo Lago (PCdoB) e Carlos Lula (PSB), que, atualmente nos seus primeiros mandatos na Assembleia, contavam com a força de Dino para possíveis voos mais altos.
O vice-governador, Felipe Camarão, está numa espécie de limbo. O futuro dele depende de Brandão, mas a conjuntura o ajuda.
Com Flávio na política, existia uma remota possibilidade de Brandão seguir no governo até o fim do mandato, e encerrar, ele sim, sua carreira política. Sem Dino, o governador deve ser candidato a senador em 2026, o que garante a Camarão o comando do Estado e o posto de nova liderança estadual.
Nesse caso, caberia a ele trilhar seu futuro.