O príncipe Harry voltou a depôr na Justiça contra tabloides britânicos nesta quarta-feira, 7, e deixou uma alfinetada para o irmão, o príncipe William. Apesar de não ter dito nominalmente o nome do herdeiro do trono, o segundo filho do Rei Charles III contradisse William ao mencionar a paranoia de sua mãe com relação de invasão de privacidade, conforme informado pela ‘Newsweek’, que teve acesso à transcrição do relato. Na terça-feira, 6, em seu primeiro depoimento, que durou cerca de cinco horas, ele havia dito que o assédio da imprensa fez com que ele ficasse paranoico e passasse a desconfiar das pessoas próximas a eles. No início de seu depoimento nesta quarta-feira, ao responder às perguntas de Andrew Green, advogado do grupo editorial, o duque de Sussex garantiu que “o hackeamento telefônico ocorreu em escala industrial em pelo menos três jornais na época e isso está fora de qualquer dúvida”. Ele citou, como exemplo, uma conversa que teve como seu pai, Rei Charles III, em 2003, em que revelou não ter interesse em ir ara Universidade e preferia ingressas no Exército. Segundo Harry, o ‘The Sunsay Mirror’ usou táticas ilegais para produzir a reportagem. “Foi muito conflituoso. Só agora, percebendo o que os jornalistas do Mirror Group estavam fazendo, e como eles estavam recebendo suas informações, é que posso ver o quanto da minha vida foi desperdiçada nessa paranoia”, declarou Harry, segundo a ‘Newsweek’. “Sempre ouvi pessoas se referirem à minha mãe como paranoica, mas ela não era. Ela estava com medo do que realmente estava acontecendo com ela e agora eu sei que passei o mesmo”, acrescentou.
Harry, dois atores de televisão e a ex-esposa de um comediante acusam a MGN, editora do jornal Mirror e da revista Sunday People, entre outros veículos, de obter informações sobre eles entre 1996 e 2011 por meio de métodos ilegais, que incluem a interceptação de mensagens em suas caixas postais. O filho mais novo do Rei Charles III culpa vários tabloides, contra os quais lançou outras batalhas na Justiça, pela inimizade com sua família. “Quanto mais sangue vai manchar os dedos com que escrevem antes que alguém acabe com essa loucura?” questionou o príncipe que vive na Califórnia desde 2020 com sua esposa, a atriz americana Meghan Markle, em sua declaração por escrito na véspera. Green continuou seu interrogatório detalhado sobre os 33 artigos de jornal examinados no julgamento. Como no dia anterior, isso revelou detalhes privados sobre a vida do príncipe, desde seu relacionamento com sua ex-namorada do Zimbábue, Chelsy Davy, a partir de 2004, até alegações sobre seu comportamento quando ele estava na academia militar.
O príncipe considerou que não havia “interesse público legítimo” em informar se ele recebeu tratamento preferencial durante o treinamento militar, estimando que, como o número três na linha de sucessão na época, teria sido do interesse informar sobre ele se ele havia sofrido “lesões perigosas para sua vida”. Teve de admitir que grande parte desta informação foi publicada por outros jornais, mas voltou a acusar o Mirror de ir mais longe, obtendo informações por meios ilegais que disse não poder provar porque as provas “foram destruídas” À tarde, ele começou a responder a perguntas de seu próprio advogado, David Sherborne, que também deve interrogar a jornalista Jane Kerr, ex-editora-chefe adjunta e responsável por informações reais do Mirror. Os quatro demandantes pedem indenização à MGN pelo impacto que essas informações tiveram em suas vidas. No início do processo, o MGN reconheceu “alguns indícios” de coleta ilegal de informações e pediu desculpas, mas negou ter interceptado mensagens de correio de voz.
*Com informações da AFP