Método usado na Espanha, Alemanha e Hong Kong possibilita, a partir da biópsia, recriar mini tumores in vitro e saber com antecedência a eficiência de medicações diversas
Muito se fala sobre o uso da tecnologia em prol do ser humano, e nunca uma área foi tão beneficiada por ela quanto a saúde. Foi pesquisando sobre a modernidade que me deparei com um relato emocionado de uma paciente no YouTube — que por motivos óbvios não vou expor aqui — relatando a vitória na luta contra um câncer após um exame inovador realizado no Brasil. “Compartilhando informação de utilidade pública sobre um novo teste chamado Onco-PDO que permite a testagem de 60 medicações em tumores criados em laboratório a partir de fragmentos ou células do tumor do paciente. Eu consegui ter oito medicações testadas, e encontramos duas que induziram à morte mais de 70% dos tumores, graças a Deus”, descreveu ela na legenda do vídeo postado. Diante desse depoimento, esta coluna foi atrás de informações sobre a novidade e entrevistou com exclusividade Felipe Almeida, CEO da Invitrocue Brasil. Formado em direito pela PUC, o empresário atuou no ramo de investimentos e em grandes empresas por muitos anos, até residir em Genebra, na Suíça, e acompanhar de perto o desenvolvimento das empresas de fármaco em busca de um propósito de vida ainda maior. “Não falo somente como investidor, mas principalmente por ser alguém que se preocupa com o que acontece atualmente. A tecnologia cada vez mais precisa buscar humanizar a medicina. E nós queremos mudar a realidade não só em território nacional, como onde conseguirmos”, ressalta o executivo.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil deve registrar 704 mil novos casos de câncer a cada ano entre 2023 e 2025. A estimativa é de um aumento de quase 13% com relação ao triênio anterior. Alguns fatores são preponderantes neste crescimento. Especialistas apontam que a população aumentou, envelheceu, e a idade é um dos elementos de risco. Além disso, o estilo de vida, pouco saudável com relação à alimentação e atividade física, também contribui para o aparecimento da doença. Por outro lado, vários fatores influenciam no sucesso do tratamento dos diversos tipos de cânceres, mas o acesso rápido à saúde está entre os mais importantes. Com os avanços da medicina, desde que realizado um diagnóstico precoce e específico para cada tumor, aumentam as chances de cura. “O teste Onco-PDO é inovador, já que possibilita ao paciente oncológico um tratamento mais assertivo. Geramos organoides a partir do tumor do próprio paciente e, em laboratório, podemos testar diferentes quimioterápicos, analisando a resposta dos organoides a cada tratamento”, explica Almeida.
Como o câncer é uma doença que requer uma corrida contra o tempo, a proposta de um tratamento individualizado e assertivo é mais que crucial. Aliás, nessa minha proposta de mergulhar no assunto, pedi ao CEO que explicasse o que é organoide: “É o mais perto de um ser vivo in vitro que chegamos para testar medicamentos. Em vez de testar em animais, testamos nessa célula viva em laboratório, obtendo respostas precisas a cada aplicação. Assim, em vez de submeter o paciente a um protocolo extremamente agressivo, que envolve até cinco estágios de luta contra o câncer, oferecemos informação sobre como a célula reagiu a cada tratamento, optando por encurtar o caminho, objetivando eficiência em menos tempo. Por exemplo, um paciente que sofre com câncer no fígado muitas vezes tem o pulmão atacado em determinada quimio. Com o teste, é possível gerar ao médico uma listagem de medicamentos que funcionarão de maneira mais ágil, muitas vezes, sem tantos efeitos ao resto do organismo em si, entende?”, detalha.
De maneira prática e resumida, o Teste Onco-PDO está disponível no Brasil para câncer de mama, pulmão, colorretal, pancreático, gástrico, próstata e ovário. Permite que o médico escolha 8 de 60 drogas para testagem e o resultado demonstrará como as células responderam em laboratório. “O relatório, gerado em até 21 dias, fornece informações de como os organoides derivados do paciente reagiram aos diferentes tratamentos testados. O futuro da medicina depende de ações de precisão e claro, estamos negociando com o SUS algumas possibilidades para expansão do método que, por enquanto, só está disponível em alguns hospitais, via atendimento particular. Nossa ideia é difundir e disponibilizar ao máximo essa nova tecnologia. E eu, enquanto empresário, continuo e continuarei investindo em empresas de biotecnologia, a serviço da vida, sempre”, finaliza. Para quem, como eu já, teve amigos e familiares levados por essa doença, é um extremo avanço saber e ouvir que é possível lutar contra o câncer utilizando as armas certas, não é mesmo? Como a nossa querida paciente oculta que dividiu com internautas seu depoimento, dizendo ser informação de utilidade pública, esta coluna acha que é mais que obrigação difundir notícias boas, sempre que possível… E dedico esse texto especialmente à família Azevedo, como forma de homenagem: tia Emília, Deise e querida prima Rita, sei que onde estão, neste minuto, estarão sorrindo… Amém.