A Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) divulgou um estudo nesta quarta-feira, 14, que expõe o número recorde de refugiados que foram obrigados a deixarem a região onde moram em decorrência de guerras ou conflitos locais em 2022. O principal relatório anual, chamado de Tendências Globais sobre Deslocamento Forçado 2022, mostra que até dezembro do ano passado, o total de pessoas deslocadas forçadamente por guerras, perseguições, violência ou violações de direitos humanos atingiu o mais alto patamar, com 108,4 milhões de refugiados. O número representa um aumento de 19,1 milhões em relação ao ano anterior, que também havia sido um recorde. Filippo Grandi, Alto Comissário da ONU para Refugiados, explica que os números “nos mostram que algumas pessoas são rápidas demais para correr para o conflito e lentas demais para encontrar soluções. A consequência é a devastação, o deslocamento e a angústia para cada uma das milhões de pessoas arrancadas à força de suas casas”.
O principal fator que explica o número massivo de pessoas que se deslocaram sem uma preparação adequada ou planejamento foi a guerra da Rússia com a Ucrânia. O conflito no Leste Europeu incidiu num aumento de 27.300 refugiados no final de 2021 para 5,7 milhões no final de 2022 – um fluxo mais rápido de pessoas em deslocamento desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Além destes, houve um fluxo grande de migração forçada para a Colômbia e Peru de venezuelanos cuja categoria pode ser enquadrada em “outras pessoas com necessidade de proteção internacional” devido a delicada situação política e econômica de Caracas. “As pessoas em todo o mundo continuam a demonstrar uma extraordinária hospitalidade para com os refugiados ao estenderem proteção e ajuda àqueles em necessidade, mas é necessário muito mais apoio internacional e um compartilhamento mais equitativo de responsabilidades, especialmente com os países que estão recebendo a maioria dos deslocados do mundo. Acima de tudo, é preciso fazer muito mais para acabar com os conflitos e remover os obstáculos para que as pessoas refugiadas tenham a opção viável de voltar para casa voluntariamente, com segurança e dignidade”, pontua Grandi. Com o deslocamento em massa, estima-se que 4,4 milhões de pessoas em todo o mundo eram apátridas ou de nacionalidade indeterminada – representação de um crescimento de 2% em relação a 2021.