Subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado defende apuração de ‘indícios de irregularidades’ após declarações de Roberto Campos Neto e aponta riscos à soberania do país
O Tribunal de Contas da União (TCU) vai investigar o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, por declarações sobre “terceirizar a gestão de ativos” da instituição. A abertura da investigação acontece após o presidente do BC afirmar, em entrevista na semana passada, que estava aberto à possibilidade de terceirizar a gestão de ativos. “A gente está aberto a essa terceirização, vamos dizer assim, à gestão externa. A gente teve um programa grande de gestão terceirizada. Hoje, grande parte da gestão é terceirizada, mas a gente está aberto a fazer a gestão terceirizada porque a gente está olhando novas classes de ativos”, disse Campos Neto. Para o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, é necessário “apurar os indícios de irregularidades noticiados a despeito do interesse do atual presidente do Banco Central em terceirizar a gestão de ativos do BC, especialmente com relação à administração das reservas internacionais do Brasil”, uma vez que a gestão das reservas internacionais é uma “atividade tipicamente estatal”, o que impediria a transferência à iniciativa privada, com riscos à “soberania” do país. “Diante de todos os riscos, no meu entender, é inadmissível terceirizar a gestão de ativos do BC, especialmente com relação à administração das reservas internacionais do Brasil. A referida possibilidade reclama, pois, a obrigatória e pronta atuação do TCU, de forma a se determinar a detida e minuciosa apuração dos fatos”, justificou.